segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Posição da CDU sobre o caso ENCHERIM


O Executivo Municipal, de maioria PS, em reunião de câmara no passado dia 20 de novembro propôs que caso a ENCHERIM – Cooperativa de Produtores de Enchidos, CRL não pague ao município as rendas em atraso, se proceda à resolução do contrato de arrendamento e à tomada de posse das instalações e respetivo equipamento. 

A CDU sempre se pronunciou contra a constituição da ENCHERIM – Cooperativa de Produtores de Enchidos, CRL, nos moldes em que foi concretizada. A falta de qualidade da gestão associada ao reduzido número de cooperantes  levaram a que este projeto fracassasse e que a Câmara se visse envolvida num investimento ruinoso.  

A situação arrasta-se desde 2010 e veio-se agora a saber que a rendas respeitantes ao período de 2011 a 2015 , se encontram por pagar.

A CDU anda há um ano a pedir informação sobre a Encherim que nunca nos foi dada. Em reunião de Câmara extraordinária de 19 de maio de 2016, e após as questões levantadas pela vereadora Sónia Colaço sobre a proposta que defendia a transferência da exploração do Centro de Corte para uma nova entidade, a mesma foi retirada da ordem de trabalhos. 

Por parte do Executivo de maioria PS, continuam por responder algumas das perguntas colocadas em junho de 2016 através da entrega de um requerimento, como por exemplo, quantos e quem são os sócios da cooperativa. Nada sabemos em relação aos trabalhadores e que implicações terá esta proposta no seu futuro.

Passaram seis anos sem que a Câmara tivesse atuado para que fosse assegurado o cumprimento do contrato e protocolo assumidos entre as partes, no que diz respeito ao pagamento das rendas. Não se pode esperar tanto tempo para agir, não é normal que tenham deixado passar estes anos todos sem atuar. Somos contra a inércia, contra o deixar andar, que coloca em causa a gestão do património municipal, que pela sua importância deveria merecer maior rigor e transparência
O que está agora a acontecer, vem confirmar os nossos  piores receios  e para os quais fomos alertando ao longo de diversos mandatos. Já em 2007, a CDU afirmava que o processo da criação da unidade fabril poderia ser uma ameaça à produção tradicional dos enchidos, não só pela perda das características artesanais e familiares mas sobretudo pela possibilidade de permitir a entrada de interesses não cooperativos e exteriores aos produtores do nosso concelho. Poderia vir a hipotecar e ameaçar a produção do chouriço artesanal de Almeirim e provocar graves danos económicos e sociais nos talhantes e produtores do concelho. A CDU previa que não haveria um futuro brilhante para os talhantes nem para a unidade fabril. A qualidade de produção de enchidos no concelho em nada seria beneficiada. 

Infelizmente o tempo veio dar razão à CDU e as nossas reservas e receios mantêm toda a sua atualidade, para mal dos enchidos tradicionais de Almeirim. É lamentável que se tenha chegado a esta situação para a qual muito contribuiu a atuação da câmara.

Apesar de defendermos que este processo deve ter um fim, por forma a minorar as perdas para o município, a CDU absteve-se por considerar que estamos perante um processo desordenado, com graves lacunas de informação, e por não estarem acautelados os interesses dos trabalhadores, à semelhança do que aconteceu no triste caso da ex-ALDESC.