quarta-feira, 20 de maio de 2015

Intervenção da Vereadora da CDU sobre a classificação da tauromaquia como Património Imaterial Municipal

Na proposta apresentada pelo Sr. Vereador da Cultura é referido que a tauromaquia e as suas diversas manifestações são tradições há muito vividas no país e no concelho de Almeirim, e por isso devem ser classificadas como património cultural imaterial deste município.

Refere a Convenção da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial e o disposto no Artigo 78.º da Constituição da República Portuguesa, onde podemos ler que “…o património cultural é um elemento vivificador da identidade cultural comum”. Isto significa que todos os indivíduos se identificam com aquela prática ou tradição, é algo vivenciado por toda a comunidade.

O que não é aqui o caso, pois há uma parte significativa da população portuguesa e do concelho de Almeirim, que não se revê nem se identifica com estas tradições tauromáquicas. Considero que seria uma candidatura votada ao fracasso, porque a própria UNESCO não costuma dar reconhecimento a situações que geram polémica e que não são unânimes e vividas por um todo.

Há tradições que com o passar dos tempos perdem o seu valor, a sua razão de existir. Também a caça à baleia é em determinadas regiões do mundo considerada tradição, nos Açores já o foi, o que não faz desta atividade uma prática cultural a classificar como património.


O meu voto contra perante esta proposta de declarar a tauromaquia como património cultural, demonstra não só as minhas posições pessoais e do meu partido, e até mesmo reconhecendo que na CDU possa haver diferentes sensibilidades, mas também por considerar que não estamos perante uma tradição que seja um fator agregador da sociedade e representativa da evolução humana, bem pelo contrário. Posso ainda garantir que o meu voto contra se manteria caso estivesse numa autarquia CDU. 

Esperemos que este ímpeto de classificação chegue para o pórtico do Paço Real em Paço dos Negros.