Na proposta apresentada pelo Sr.
Vereador da Cultura é referido que a tauromaquia e as suas diversas
manifestações são tradições há muito vividas no país e no concelho de Almeirim,
e por isso devem ser classificadas como património cultural imaterial deste
município.
Refere a Convenção da UNESCO para a
Salvaguarda do Património Cultural Imaterial e o disposto no Artigo 78.º da
Constituição da República Portuguesa, onde podemos ler que “…o património
cultural é um elemento vivificador da identidade cultural comum”. Isto
significa que todos os indivíduos se identificam com aquela prática ou tradição,
é algo vivenciado por toda a comunidade.
O que não é aqui o caso, pois há uma
parte significativa da população portuguesa e do concelho de Almeirim, que não
se revê nem se identifica com estas tradições tauromáquicas. Considero que
seria uma candidatura votada ao fracasso, porque a própria UNESCO não costuma
dar reconhecimento a situações que geram polémica e que não são unânimes e vividas
por um todo.
Há tradições que com o passar dos
tempos perdem o seu valor, a sua razão de existir. Também a caça à baleia é em
determinadas regiões do mundo considerada tradição, nos Açores já o foi,
o que não faz desta atividade uma prática cultural a classificar como
património.
O meu voto contra perante esta
proposta de declarar a tauromaquia como património cultural, demonstra não só
as minhas posições pessoais e do meu partido, e até mesmo reconhecendo que na
CDU possa haver diferentes sensibilidades, mas também por considerar que não
estamos perante uma tradição que seja um fator agregador da sociedade e
representativa da evolução humana, bem pelo contrário. Posso ainda garantir que
o meu voto contra se manteria caso estivesse numa autarquia CDU.
Esperemos que
este ímpeto de classificação chegue para o pórtico do Paço Real em Paço dos
Negros.